Profissionais compartilham experiências e vivências na celebração do Dia da Consciência Negra
19 de novembro de 2025

Três vivências diferentes porém, convergentes sobre a Zootecnia, a Medicina Veterinária e as aplicações do Direito no mundo do trabalho envolvendo questões de racismo. Em celebração ao Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra -20 de novembro- o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado da Bahia (CRMV/BA), realizou uma tarde de palestras, em 18/11/2025.
Conduzido pelo presidente da Autarquia, médico-veterinário Lúcio Leopoldo, o evento contou com três convidados de perfis distintos que, com generosidade, compartilharam suas visões de mundo e suas experiências pessoais e profissionais.
Mostrando interesse pelo tema, algumas personalidades do mundo da Medicina Veterinária e da Zootecnia compareceram. Estiveram presentes o presidente da Comissão Estadual de Educação em Zootecnia, professor doutor Flávio Longui, o presidente da Comissão Estadual de Meio Ambiente e Animais Selvagens, Gustavo Rodamilans e o médico-veterinário e escritor Clifton Davis.
Jacarés em fila
Com recorte este ano para a Zootecnia e Medicina Veterinária de Selvagens, o evento priorizou ouvir profissionais desta área de atuação.
Muito jovem, porém com currículo já denso, a zootecnista Mariane Barros foi a primeira a falar.
Ela destacou as contribuições que a Zootecnia tem trazido para a conservação de animais silvestres e não apenas na nutrição, conhecida como área de excelência da Zootecnia.
Mariane Barros ressaltou a importância de participar de eventos técnicos-científicos, conhecer e ser conhecida pelos grandes nomes da área e destrinchou conceitos como condicionamento operante, técnica que salva vidas de animais, baseado nas teorias de B.F. Skinner, psicólogo estadunidense.
Em determinado momento, ela socializou um vídeo no qual jacarés do zoológico de São Paulo, obedecem pacientemente em fila na hora de comer, evitando que o animal alfa deixe os demais sem alimentação, conquista do condicionamento operante, implantado por um zootecnista.
“Iniciativas como esta reforçam a importância da representatividade e do diálogo para construir uma Medicina Veterinária e uma Zootecnia mais inclusivas e conscientes, avançando sempre e ocupando os espaços.” Mariane Barros
Família como base
Bastante conhecido pela cooperação com o CRMV/BA, por participar de comissões em diversas gestões, o médico-veterinário Paulo Bahiano é daqueles profissionais que possuem fã-clube por sua atuação técnica.
Segundo a falar, ele priorizou o lado humano de sua trajetória, ressaltando a forte base familiar e a figura materna em sua formação. Como profissional, compartilhou um caso comovente: a recuperação total de um cachorro-do-mato que havia sido atropelado na região de Cruz das Almas. E deu conselho: o médico-veterinário de selvagens/silvestres deve ser desapegado. Bahiano mostrou em vídeo no qual, após a recuperação, na soltura para a liberdade, o animal saiu empolgado da caixa de transporte e nem olhou para seus salvadores ao entrar na mata.
Bahiano ressaltou a importância das conexões humanas, culturais e sociais. Membro do coletivo Afrovet, ele exerce o papel de “afromentor”, dando orientações a estudantes de Medicina Veterinária.
“Foi uma ação muito importante porque leva para o mundo da Veterinária questões relacionadas ao racismo estrutural e a preocupação do Conselho com isto. A parceria que existe junto ao Afrovet fica fortalecida. Então foram discutidos pontos importantes, tanto da Veterinária como da Zootecnia e o mercado de trabalho. Foi um evento marcante. Mas, que a gente não se restrinja ao mês de novembro e que isso permeie por todas as nossas vidas.” Paulo Bahiano.
Denúncia
Encerrando a tríade de palestras, o Procurador da Câmara de Camaçari e especialista em Direito Público, Ciro Fernandes discorreu sobre como o racismo afeta os trabalhadores e as relações trabalhistas.
Ele relatou, por exemplo, que lojistas de um grande shopping de Salvador precisaram ouvir de um diretor de uma rede internacional de lojas de roupas, que a contratação de pessoas afrodescendentes, não causa prejuízo no faturamento e não inibe vendas.
Pela experiência como advogado, Ciro Fernandes explicou que casos de racismo devem ser denunciados sempre, seja no Ministério Público do Trabalho ou em redes sociais.
Ao final, o presidente Lúcio Leopoldo convidou os três à mesa para conversarem juntos e fazer as conclusões sobre tudo que foi explanado.
“Foi um dia a ser celebrado, um momento especial de conscientização (…), foi emocionante dar oportunidade aos nossos colegas para apresentarem relatos de vida, de experiências, de aprendizado, e principalmente com relação ao mundo do trabalho, que tanto nos interessa envolvendo médicos-veterinários, zootecnistas ou o próprio funcionamento do nosso Conselho. Muito importante: mostra que que a cada instante este Conselho é plural, representativo, diverso e democrático.” Lúcio Leopoldo.
Com emoção, pelo simbolismo da data para a população local, o evento foi encerrado com a execução do Hino da Bahia, também conhecido como Ode ao 2 de Julho.
Aqui alguns registros fotográficos.
Ascom CRMV/BA
