Dia nove de setembro, é comemorado o Dia do Médico-Veterinário pelo Sistema CFMV-CRMVs (Conselho Federal e Regionais de Medicina Veterinária) em todo o Brasil.

Hoje, são mais de 160 mil profissionais legalmente inscritos e aptos a exercer seus conhecimentos adquiridos nas faculdades. Atualmente o Brasil é o país com maior número de médicos-veterinários e possui 355 cursos, o que representa um terço do que é ofertado no mundo, segundo dados do CFMV.

Na Bahia, são 6.082 inscritos, a mais recente (do sexo feminino) fez sua inscrição na última sexta-feira, 06 de setembro.

A Medicina Veterinária tem um campo de atuação muito vasto, e devido às mudanças sociais e tecnológicas do século XXI, está em constante expansão.

A imagem mais tradicional do médico-veterinário para grande parte da população, é o profissional que cuida de cães e gatos. E sim, eles cuidam desses animais e de modo mais  especializado que anos atrás. Hoje,  como na Medicina humana,  tem o clínico veterinário, o ortopedista veterinário, o dermatologista veterinário, o oncologista veterinário e outras especialidades que surgem com o envelhecimento dos animais de companhia, que estão alcançando idade muito avançada.

Porém, há atuação de médicos-veterinários na sanidade das tartarugas, dos cavalos, da saúde pública do meio ambiente e até do bife!

Abrimos essa série especial justamente com um médico-veterinário de pequenos animais.  

Conheça um pouco mais da rotina, dos desafios e conquistas deste profissional que cuida dos interesses da Medicina Veterinária participando de organizações (hoje é Conselheiro do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado da Bahia- CRMV/BA) e diariamente alivia o sofrimento  físico de pacientes e sofrimento emocional dos  tutores.


 João Maurício Moura de Andrade

João Maurício recebeu do presidente do CFMV, Francisco Cavalcanti, um Certificado de Serviços Relevantes por ter trabalhado como Conselheiro do CRMV/BA na gestão 2013- 2016

 Ele é o primeiro médico-veterinário na família, decisão que tomou aos 14 anos, quando era ainda estudante de Química na então Escola Técnica Federal da Bahia.

Além de ter decidido a profissão que teria, decidiu também  a área que desejava atuar dentro da Medicina Veterinária:  a de pequenos animais. Talvez por ter possuído cachorros na infância.

Fez vestibular para Medicina (na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública) e para Medicina Veterinária (na Universidade Federal da Bahia)  e foi aprovado em ambos.

O ano era 1986, e aos 18 anos, João Maurício tinha de escolher, pois nesta época uma irmã tinha recém-formado em Medicina.  Caçula de uma família de seis, os pais deram opinião, mas não o pressionaram a seguir nenhum dos cursos  e a decisão tomada na adolescência foi mantida.

Ainda hoje, conta o médico-veterinário,  guarda com carinho o recorte amarelado do Jornal A Tarde no qual foi publicada a relação dos aprovados do vestibular de 1986.

Já estudando,  teve sua primeira  atividade prática no canil da Ufba, logo que ingressou na faculdade. Na época, o canil estava desativado e ele com outros cinco colegas reabriram o espaço.

Cirurgião

Interessado em aprender com grandes mestres,  se candidatou a uma monitoria de cirurgia de uma disciplina ministrada pelo  professor Carlos Humberto Almeida Ribeiro Filho (que foi presidente do CRMV/BA em três oportunidades, uma delas como administrador intermediário), a quem afirma que “deve muito, uma das primeiras experiências que tive”.

Entusiasta da área cirúrgica, fala que hoje gosta de fazer qualquer intervenção. Não existe cirurgia simples ou complexa demais: todas são encaradas com a mesma satisfação dos primeiros anos.

Pelas lembranças de João Maurício, na época os estudantes que queriam cuidar de pequenos não eram bem vistos. Ele rememora que “entre 80 estudantes que ingressaram naquele ano, apenas três ou quarto admitiam que iriam trabalham com pequenos e eram apelidados de “cachorreiros”. ”  O Conselheiro do CRMV/BA entende que naquela época, o ensino da  Escola de Medicina Veterinária (o curso de Zootecnia foi implantando anos depois, em 2009) era voltado  para grandes  animais.

Após formado e devidamente inscrito no CRMV/BA,  investiu em uma sociedade com um colega e passaram a atender os pacientes  em domicílio. Ano seguinte, fundou a própria clínica, que está até hoje no bairro do Rio Vermelho, já em esquema de plantão:  “quando abri  a Mascote em regime de 24h, só tinha  outras duas com o mesmo serviço, a Kennel, de Adauto, no Cabula e a Semeve, de Luciano”.

João Maurício em 1999

Para consolidar o empreendimento, conta que trabalhava o tempo todo e estava sempre de prontidão para atender as emergências.  Hoje, com o nome estabelecido no mercado,  conta com a companhia da esposa, Soraia,  também médica-veterinária.  Eles se conheceram ainda na faculdade, em um trote na então caloura.   A evolução profissional  de ambos foi conjunta,  desde quando ele a convidou para trabalhar no canil da Ufba, depois em sua clínica e continuam se apoiando mutuamente.

Humanização

Nessas três décadas de contato com os pacientes e os seus tutores,  avalia que ocorreram mudanças no status dos animais dentro das famílias e em consequência, o que ele classifica como mudança nos animais.  Exemplifica:  “Antes, as pessoas tinha gatos em casa, entravam e saiam e os gatos nem se importavam. Hoje, quando você chega em casa, o gato corre para lhe receber”, teoriza.

Explica que antigamente o gato era da casa, hoje o animal mudou o comportamento e os tutores, de modo geral, estão muito mais atentos e exigentes com o tratamento dado aos seus animais de estimação.  Ele avalia que, com essa nova postura,  o médico-veterinário sofre muita pressão dos clientes.

Política Profissional

Fora do consultório, atua  há mais de vinte anos da Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais (Anclivepa), seção Bahia e foi Conselheiro do CRMV/BA em mais de uma gestão, sendo  atualmente  Conselheiro Efetivo:  “tento ajudar a profissão investindo o tempo e o serviço, direcionando a Medicina Veterinária no que acho certo”.

Entre diversas atividades, apoiou a organização de  dois Congressos Nacionais da Anclivepa (2005 em Salvador e 2015 em Porto Seguro).

Desafiador

Ser  clínico e cirurgião de pequenos animais é sinônimo de uma rotina repleta das mais variadas emoções, o que demanda equilíbrio do profissional.  João Maurício conta que pode acontecer  de eutanasiar um animal que estava em estado terminal e em sofrimento, e no momento seguinte, entrar em outra  sala e  ter que colocar um sorriso no rosto  para entregar um filhote a outra família que está feliz com a chegada do novo bichinho, “isso é pesado”, diz.

Ciente dos desafios diários, ele elenca tudo que conquistou com a  Medicina Veterinária: uma profissão, esposa, filhos e amigos, e  tudo isso lhe traz muita alegria.

Ascom CRMV/BA, 09 de setembro de 2019

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Dia nove de setembro, é comemorado o Dia do Médico-Veterinário pelo Sistema CFMV-CRMVs (Conselho Federal e Regionais de Medicina Veterinária) em todo o Brasil.

Hoje, são mais de 160 mil profissionais legalmente inscritos e aptos a exercer seus conhecimentos adquiridos nas faculdades. Atualmente o Brasil é o país com maior número de médicos-veterinários e possui 355 cursos, o que representa um terço do que é ofertado no mundo, segundo dados do CFMV.

Na Bahia, são 6.082 inscritos, a mais recente (do sexo feminino) fez sua inscrição na última sexta-feira, 06 de setembro.

A Medicina Veterinária tem um campo de atuação muito vasto, e devido às mudanças sociais e tecnológicas do século XXI, está em constante expansão.

A imagem mais tradicional do médico-veterinário para grande parte da população, é o profissional que cuida de cães e gatos. E sim, eles cuidam desses animais e de modo mais  especializado que anos atrás. Hoje,  como na Medicina humana,  tem o clínico veterinário, o ortopedista veterinário, o dermatologista veterinário, o oncologista veterinário e outras especialidades que surgem com o envelhecimento dos animais de companhia, que estão alcançando idade muito avançada.

Porém, há atuação de médicos-veterinários na sanidade das tartarugas, dos cavalos, da saúde pública do meio ambiente e até do bife!

Abrimos essa série especial justamente com um médico-veterinário de pequenos animais.  

Conheça um pouco mais da rotina, dos desafios e conquistas deste profissional que cuida dos interesses da Medicina Veterinária participando de organizações (hoje é Conselheiro do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado da Bahia- CRMV/BA) e diariamente alivia o sofrimento  físico de pacientes e sofrimento emocional dos  tutores.


 João Maurício Moura de Andrade

João Maurício recebeu do presidente do CFMV, Francisco Cavalcanti, um Certificado de Serviços Relevantes por ter trabalhado como Conselheiro do CRMV/BA na gestão 2013- 2016

 Ele é o primeiro médico-veterinário na família, decisão que tomou aos 14 anos, quando era ainda estudante de Química na então Escola Técnica Federal da Bahia.

Além de ter decidido a profissão que teria, decidiu também  a área que desejava atuar dentro da Medicina Veterinária:  a de pequenos animais. Talvez por ter possuído cachorros na infância.

Fez vestibular para Medicina (na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública) e para Medicina Veterinária (na Universidade Federal da Bahia)  e foi aprovado em ambos.

O ano era 1986, e aos 18 anos, João Maurício tinha de escolher, pois nesta época uma irmã tinha recém-formado em Medicina.  Caçula de uma família de seis, os pais deram opinião, mas não o pressionaram a seguir nenhum dos cursos  e a decisão tomada na adolescência foi mantida.

Ainda hoje, conta o médico-veterinário,  guarda com carinho o recorte amarelado do Jornal A Tarde no qual foi publicada a relação dos aprovados do vestibular de 1986.

Já estudando,  teve sua primeira  atividade prática no canil da Ufba, logo que ingressou na faculdade. Na época, o canil estava desativado e ele com outros cinco colegas reabriram o espaço.

Cirurgião

Interessado em aprender com grandes mestres,  se candidatou a uma monitoria de cirurgia de uma disciplina ministrada pelo  professor Carlos Humberto Almeida Ribeiro Filho (que foi presidente do CRMV/BA em três oportunidades, uma delas como administrador intermediário), a quem afirma que “deve muito, uma das primeiras experiências que tive”.

Entusiasta da área cirúrgica, fala que hoje gosta de fazer qualquer intervenção. Não existe cirurgia simples ou complexa demais: todas são encaradas com a mesma satisfação dos primeiros anos.

Pelas lembranças de João Maurício, na época os estudantes que queriam cuidar de pequenos não eram bem vistos. Ele rememora que “entre 80 estudantes que ingressaram naquele ano, apenas três ou quarto admitiam que iriam trabalham com pequenos e eram apelidados de “cachorreiros”. ”  O Conselheiro do CRMV/BA entende que naquela época, o ensino da  Escola de Medicina Veterinária (o curso de Zootecnia foi implantando anos depois, em 2009) era voltado  para grandes  animais.

Após formado e devidamente inscrito no CRMV/BA,  investiu em uma sociedade com um colega e passaram a atender os pacientes  em domicílio. Ano seguinte, fundou a própria clínica, que está até hoje no bairro do Rio Vermelho, já em esquema de plantão:  “quando abri  a Mascote em regime de 24h, só tinha  outras duas com o mesmo serviço, a Kennel, de Adauto, no Cabula e a Semeve, de Luciano”.

João Maurício em 1999

Para consolidar o empreendimento, conta que trabalhava o tempo todo e estava sempre de prontidão para atender as emergências.  Hoje, com o nome estabelecido no mercado,  conta com a companhia da esposa, Soraia,  também médica-veterinária.  Eles se conheceram ainda na faculdade, em um trote na então caloura.   A evolução profissional  de ambos foi conjunta,  desde quando ele a convidou para trabalhar no canil da Ufba, depois em sua clínica e continuam se apoiando mutuamente.

Humanização

Nessas três décadas de contato com os pacientes e os seus tutores,  avalia que ocorreram mudanças no status dos animais dentro das famílias e em consequência, o que ele classifica como mudança nos animais.  Exemplifica:  “Antes, as pessoas tinha gatos em casa, entravam e saiam e os gatos nem se importavam. Hoje, quando você chega em casa, o gato corre para lhe receber”, teoriza.

Explica que antigamente o gato era da casa, hoje o animal mudou o comportamento e os tutores, de modo geral, estão muito mais atentos e exigentes com o tratamento dado aos seus animais de estimação.  Ele avalia que, com essa nova postura,  o médico-veterinário sofre muita pressão dos clientes.

Política Profissional

Fora do consultório, atua  há mais de vinte anos da Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais (Anclivepa), seção Bahia e foi Conselheiro do CRMV/BA em mais de uma gestão, sendo  atualmente  Conselheiro Efetivo:  “tento ajudar a profissão investindo o tempo e o serviço, direcionando a Medicina Veterinária no que acho certo”.

Entre diversas atividades, apoiou a organização de  dois Congressos Nacionais da Anclivepa (2005 em Salvador e 2015 em Porto Seguro).

Desafiador

Ser  clínico e cirurgião de pequenos animais é sinônimo de uma rotina repleta das mais variadas emoções, o que demanda equilíbrio do profissional.  João Maurício conta que pode acontecer  de eutanasiar um animal que estava em estado terminal e em sofrimento, e no momento seguinte, entrar em outra  sala e  ter que colocar um sorriso no rosto  para entregar um filhote a outra família que está feliz com a chegada do novo bichinho, “isso é pesado”, diz.

Ciente dos desafios diários, ele elenca tudo que conquistou com a  Medicina Veterinária: uma profissão, esposa, filhos e amigos, e  tudo isso lhe traz muita alegria.

Ascom CRMV/BA, 09 de setembro de 2019

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