Animais podem ser doadores de sangue? A resposta para essa pergunta é sim. Assim como os humanos, os animais também estão suscetíveis a transfusões de sangue. E para receber, precisa ter alguém para doar.
E quais são os critérios para um animal ser doador de sangue e ajudar a salvar outras vidas? O principal deles é que o animal esteja em boas condições de saúde. Depois disso, ele precisa ter entre um e oito anos de idade e testar negativo para as principais doenças infecciosas de cada espécie que podem vir a ser transmitidas pelo sangue.
Quem vai atestar se o animal está apto a ser um doador, assim como indicar quais casos estão passíveis de transfusão é o médico-veterinário. A avaliação e acompanhamento do profissional são essenciais para garantir o bem-estar do doador e do paciente. “Se o doador for previamente avaliado por um médico-veterinário e ele atestar que o animal está apto a doar sangue os riscos são mínimos”, esclarece a médica-veterinária e presidente da Comissão de Ética, Bioética e Bem-estar Animal do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado da Bahia (CRMV-BA), Ilka Gonçalves, ao alertar que os felinos exigem uma atenção mais especial “no caso dos gatos existe o risco do stress da contenção ou da sedação que deve ser realizada por profissionais capacitados”.
Questões como o peso, que deve ser de, no mínimo, 27Kg para cães e de 4kg para gatos, temperamento e o estado físico do animal doador, que deve ter feito um jejum de 12 horas e ter tido um sono de boa qualidade antes do procedimento também devem ser observadas antes da doação. “A quantidade de sangue doado depende do peso do doador, mas é sempre uma que não provoque efeitos colaterais e por isso, é importante que sejam animais saudáveis. Animais obesos não são bons candidatos à doação, pois podem causar dano à saúde do receptor”, explica a médica-veterinária.
E por falar em riscos, quais são os riscos do procedimento? Para o doador, os riscos são mínimos, mas é importante que após a doação o animal fique em observação e não faça atividades físicas por alguns dias. Já o receptor, mesmo com os diversos testes e análises, pode apresentar algumas reações clínicas, que podem ser imunológicas ou não imunológicas, agudas ou tardias (que se manifestam em até 48 horas). Entre as reações mais comuns, estão estado febril, taquicardia, dispneia, aumento da frequência cardíaca e respiratória, salivação e convulsões.
As causas que podem levar um animal a precisar de uma transfusão de sangue vão desde uma hemorragia, uma anemia, problemas de coagulação, reposição de componentes sanguíneos ou até mesmo para normalizar a quantidade de sangue circulante e nesses e em outros casos, o animal transfusionado precisa de um doador compatível. Sim, os animais também possuem fatores sanguíneos diferentes e a transfusão não pode ocorrer indiscriminadamente.
Ilka Gonçalves faz outro alerta importante e que deve ser sempre considerado. ”Cada caso é tratado de maneira individualizada e o risco de óbito do animal não é descartado. Por isso, é fundamental que a transfusão seja realizada em uma clínica ou hospital com registro no CRMV e funcionamento vinte e quatro horas, com o acompanhamento de um médico-veterinário que vai monitorar o paciente durante o procedimento e também nas vinte e quatro horas seguintes”.
Ficou com alguma dúvida sobre o assunto? O Hospital de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Bahia realiza durante todo o mês de junho uma ação de conscientização sobre a importância da doação de sangue para humanos e animais. No sábado (11), o Hospmev estará aberto para triagem e coleta de doadores cães e gatos. A atividade ainda vai contar com a participação das Ligas e Grupos de Estudo abordando assuntos sobre saúde única, saúde animal e zoonoses. O Hospmev fica localizado na Av. Milton Santos, nº 500, no bairro de Ondina, em Salvador.