Em 17 de junho, comemora-se o Dia da Medicina Veterinária Militar Brasileira, cujo patrono é o baiano  Tenente-Coronel João Muniz Barreto de Aragão (1874- 1922).

O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado da Bahia (CRMV/BA) preparou uma série especial enfocando a história e o trabalho dos profissionais militares, que atuam nas Forças Armadas e Policias Militares Estaduais em áreas diferentes como canil, cavalaria, biossegurança e inspeção de alimentos. Abrimos essa série contextualizando o nascimento da Medicina Veterinária, sua posterior sistematização científica e o importante papel da Bahia para o estabelecimento da Medicina Veterinária Militar no Brasil. Ao final da série, o leitor vai ter informações básicas para saber um pouco sobre o ingresso nas Forças Armadas.

Como tudo começou

Sistematizada como ciência na França, no Século XVIII (1762), a Medicina Veterinária, tem origem militar ainda na antiguidade, tendo surgido nos exércitos de modo empírico para tratar os cavalos de batalha, animais que proporcionavam maior mobilidade aos exércitos, transportando armas e suprimentos e tinham impressionante poder de choque.

Considerada a segunda arma mais antiga, criada após infantaria, a cavalaria é registrada em relevos assírios dois mil anos antes de Cristo, e sobreviveu com sua vertente hipomóvel até a Segunda Guerra Mundial como parte de alguns exércitos, como o polonês. Alguns animais ficaram tão famosos que os seus nomes são reconhecidos, como o garanhão Vizir (pertenceu a Napoleão Bonaparte e está exposto embalsamado no Museu das Forças Armadas (Musée de l’Armée ou Musée des Invalides- em Paris), ou Incitatus, o cavalo do imperador Calígula que foi nomeado senador.

(Vizir, Google Imagens)

No Século XX a arma de Cavalaria se modernizou e incorporou definitivamente os carros de combate, substituindo a face hipomóvel, hoje restrita a uso no cerimonial militar (exemplo do Regimento Dragões da Independência em Brasília-DF), pelos veículos blindados e mecanizados.

Respondendo as demandas da atualidade, a Medicina Veterinária Militar se expandiu além do trato de cavalos, animais usados ainda hoje em ocasiões solenes por exércitos ou no policiamento urbano pelas polícias montadas. O conceito de Saúde Única (saúde animal, saúde humana e saúde ambiental) tem se fortalecido entre os militares, como pode ser conferido no perfil do Ten Cel José Roberto, do Exército Brasileiro, que será publicado amanhã.

O profissional de Medicina Veterinária que ingressa no Exército Brasileiro, por exemplo, pode ter a oportunidade de trabalhar em canis, cavalarias, inspeção de alimentos e biossegurança, em fazenda de bovinos (em algumas unidades do Rio Grande do Sul), ou até mesmo com animais silvestres nas três unidades da instituição: uma aqui perto, em Petrolina-PE, no 72º Batalhão de Infantaria Motorizado, no Mini-Zoo do Comando de Fronteira Roraima / 7º Batalhão de Infantaria de Selva, em Boa Vista-RR e no Centro Coronel Jorge Teixeira, também conhecido como Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), em Manaus-AM, que é considerado o maior zoológico militar do mundo.
Em relação ao quantitativo de cavalos e cães, o Exército possui hoje 2.048 equinos e 547 caninos em todo o território nacional.

(Foto da página do CIGS no Facebook)

No começo do Século XIX, a Medicina Veterinária surgiu no Brasil de modo ainda tímido, por decisão do Príncipe Regente. Dom João que convidou João Batista Moncouet para integrar a corte, no Rio de Janeiro, passando a cuidar das montarias.

Na primeira década do Século XX, o Capitão médico do Exército Brasileiro João Muniz Barreto de Aragão, se destacou investigando doenças bacterianas, em especial o mormo que causava a morte de centenas de equídeos militares e contagiava os seres humanos.

O sucesso foi tamanho que o militar baiano ficou responsável por cuidar de uma nova política pública, implantar a primeira escola de medicina veterinária, com o apoio de missão de especialistas militares vindos da França, e organizar o Serviço de Defesa Animal, futuro Ministério da Agricultura.

Hoje, segundo dados do Ministério da Defesa,  há um efetivo de 240 médicos-veterinários militares no Exército, distribuídos em algumas Regiões Militares (no total são 12 RM).  Ao  passarem para a reserva podem ser mobilizados para o serviço ativo, até cinco anos após o ingresso na inatividade.
Na Aeronáutica são  25 médicos-veterinários do Quadro de Oficiais Convocados. 

Médico, filho de barão

De família aristocrática, o Ten Cel João Muniz Barreto de Aragão, nasceu no dia 17 de junho de 1871, em Santo Amaro, cidade a 80 km de Salvador. Seus pais eram o Barão e a Baronesa do Mataripe, Antônio Moniz Barreto de Aragão e de D. Tereza Maria Pires de Albuquerque Moniz de Aragão.

 

Ainda como acadêmico de medicina, integrou voluntariamente as equipes médicas empenhadas no apoio às tropas do Exército na Guerra de Canudos. Nesse episódio, teve atuação destacada, evidenciando espírito de solidariedade e virtudes como dedicação, profissionalismo e espirito de corpo, que definiram sua vocação para vida castrense.Como médico de carreira, serviu também como pesquisador do Laboratório de Microscopia Clínica e Bacteriologia, atual Instituto de Biologia do Exército (IBEx). Foi o fundador e primeiro diretor da Escola de Veterinária do Exército (EsVEx), ativada em 1914.

Falecido aos 48 anos, em janeiro 1922, foi homenageado em 1940 com um Decreto-Lei que o tornou Patrono do Serviço de Veterinária do Exército. O dia magno da Dia da Medicina Veterinária Militar é comemorado na data do seu aniversário de nascimento. Esta celebração foi ratificada pela Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), em Resende-RJ, em evento memorável, realizado com o apoio do CFMV, CRMV/BA e CRMV-RJ.

Como dizem os militares do Exército Brasileiro ao finalizar um texto que enfoca a Medicina Veterinária: Salve Muniz!


Na próxima matéria acompanhe a trajetória de um oficial do Exército que esteve até no Haiti usando os conhecimentos da Medicina Veterinária para promover a saúde da tropa e do meio ambiente. 

E no último texto vai ser publicada a lista das fontes que embasam essa série.

Ascom CRMV/BA, 17 de junho  de2019

2 thoughts on “Centenária, a Medicina Veterinária Militar atrai jovens no país inteiro

    1. Prezada Marinalda,

      De modo geral, como idade limite, os editais determinam que os candidatos não devem ter completado 36 anos até o dia 31 de dezembro do ano no qual ocorrer a matrícula (ou seja, após o concurso, aprovação e convocação).
      Lembrando que para ingressar como médico-veterinário nas Forças Armadas, o candidato deve ter concluído a graduação em Medicina Veterinária.
      Para visitar o site da Marinha em busca de mais informações clique: https://www.marinha.mil.br/

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