Sobre o autor: Coronel José Roberto Pinho é baiano, conselheiro do CRMV/BA. Possui vasta folha de serviços prestados à nação, tendo sido parte das Forças de Paz da ONU, no Haiti, onde desenvolveu trabalhos premiados. É educador. Comendador, tendo sido agraciado com a Comenda Muniz de Aragão, do CFMV, em 2021. É doutor e pós-doutor em Saúde Pública Global e Ambiental.

Dia da Veterinária Militar Brasileira 2023

No dia 17 de junho, comemora-se o Dia da Medicina Veterinária Militar Brasileira, homenagem ao patrono do Serviço de Veterinária do Exército Brasileiro. O Tenente Coronel Médico João Muniz Barreto de Aragão, nascido naquela data no ano de 1874, em Santo Amaro – Bahia, filho do Barão de Mataripe, criou a atividade de Veterinária Militar no Brasil. Na Faculdade de Medicina da Bahia formou-se em medicina e, ainda durante sua graduação, voluntariou-se para compor a equipe médica nas operações militares em Canudos, no ano de 1897, destacando-se pelo dedicado trabalho e acentuado espírito de solidariedade.  No ano de 1901, passou a integrar o Corpo de Saúde do Exército. Ainda como Capitão, Muniz de Aragão instalou e foi o primeiro diretor da precursora Escola de Veterinária do Exército, em 1910, formando os primeiros profissionais brasileiros, em 1917, com ajuda de missão militar de veterinários da França.

Muniz de Aragão participou de várias comissões, entre elas a que organizou o Serviço de Defesa Sanitária Animal e de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura e aquela que instituiu a Profilaxia dos Quartéis. Foi fundador da Sociedade Médico-Cirúrgica Militar, e nomeado Inspetor do Serviço de Veterinária do Exército. Pelos inestimáveis serviços que prestou à Nação, não só à Veterinária e ao Exército, o brilhante médico-soldado, que morreu precocemente aos 48 anos, teve reconhecido todo o seu labor no combate às doenças infecciosas que acometiam a tropa, nas relevantes pesquisas em microbiologia e nos esforços para a formação dos primeiros quadros de Veterinária, sendo instituído pelo Decreto-Lei nº 2893, de 20 de dezembro de 1940, Patrono do Serviço de Veterinária do Exército Brasileiro.

Em 13 de março de 1975, fruto de transformações doutrinárias e da mecanização da cavalaria e consequente redução drástica dos efetivos hipomóveis, a Escola de Veterinária do Exército foi extinta. Porém, a partir de 17 de junho de 1991, a especialidade veterinária voltou a integrar os quadros do Exército Brasileiro (EB) por intermédio do Quadro Complementar de Oficiais (QCO). Em 1992, formou-se na Escola de Administração do Exército (EsAEx), atual Escola de Saúde e Formação Complementar do Exército (ESFCEx), a primeira turma de veterinários militares desta nova geração, dos quais seis oficiais chegaram ao último posto da carreira, Coronel, em 2017, momento marcante da evolução recente da Veterinária Militar.

A centenária Medicina Veterinária no Brasil surgiu como uma iniciativa de inovação do Ministério da Guerra, diante da necessidade de enfrentar crises sanitárias que atingiam os soldados, os rebanhos produtores de alimento e principalmente os cavalos, grande força de transporte militar do início do Século XX. Hoje, a Medicina Veterinária é protagonista na “Saúde Única” e está na base da cadeia produtiva do agronegócio brasileiro, pilar fundamental da economia nacional.

A Veterinária Militar evoluiu ao longo da história dos conflitos, adaptando-se às novas características de combate. Hoje, os médicos veterinários da Força Terrestre atuam em diversas frentes, nos mais de 600 quartéis pelo Brasil ou nas Operações Militares, desempenhando missões que incluem:

– as atividades de biossegurança e bioproteção nas operações militares;

– o controle da qualidade da água, a inspeção de alimentos e a vigilância sanitária;

– defesa alimentar e saúde operacional;

– inteligência em saúde frente a riscos biológicos emergentes, bioterrorismo e o agroterrorismo;

– controle da população de vetores e roedores, gestão e a preservação do meio ambiente;

– a preservação da saúde dos animais de emprego militar;

– a inspeção sanitária de instalações e áreas de acampamento;

– o apoio às ações cívico-sociais e de educação em saúde;

– a prevenção das zoonoses; e

– a pesquisa científica e doutrinária.

 

 

Neste 17 de junho de 2023, os cerca de 200 médicos veterinários do Exército, juntam-se às dezenas de outros colegas militares que atuam na Marinha do Brasil, na Força Aérea Brasileira, nos Corpos de Bombeiros e Polícias Militares. Irmanados na labuta dos quartéis, seguem inspirados e entusiasmado pelo exemplo e ideais de Muniz de Aragão, mantendo as tradições, engrandecendo a Medicina Veterinária Brasileira, renovando seu compromisso de continuar trabalhando e aplicando seus conhecimentos para a “proteção da saúde da Força”, da preservação do potencial humano das tropas, bem como contribuindo para a Defesa, a Segurança e o Desenvolvimento nacional sob os auspícios do paradigma da “Saúde Única”, no qual se preserva a sustentabilidade dos padrões sanitários do meio ambiente, animais e humano.

SALVE MUNIZ DE ARAGÃO!

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