Combatividade, assertividade, simpatia e inteligência. A manhã do dia 20 de novembro foi movimentada no Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado da Bahia (CRMV/BA), com a presença do médico-veterinário Osvalrízio do Espírito Santo, presidente do sindicato dos médicos-veterinários do estado da Bahia (Sindmev).
Formado pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), em 1971 e inscrito no CRMV/BA desde 1972, em cinco décadas de atuação profissional Osvalrízio sempre esteve no pelotão de frente quando a pauta são as questões sociais e de combate ao racismo estrutural.
Conduzida pelo presidente do Regional, médico-veterinário Altair Santana de Oliveira, a conversa-show apresentou para os colaboradores um profissional de trajetória rica, comprometida com a luta contra preconceitos e em favor da educação dos não-negros contra o racismo e pelo empoderamento do povo preto, além de apresentar toda a sua experiência técnica no âmbito da Medicina Veterinária.
“Gostei demais de receber este meu colega aqui no Conselho e de ouvir suas experiências ricas e diversificadas. Observar sua luta e resiliência nos enche de admiração”, falou Altair Santana.
Cabeça Alta
Mais que um bate-papo, o evento foi uma aula sobre negritude e sobre consciência da população negra. “Nós somos energizados por essa força desse povo africano, trazido pra cá, e que chegou e continuou lutando e que nós somos parte dessa luta. A gente não pode nunca deixar de brigar, a cabeça tem que ser alta, o trabalho tem que ser bem feito, e lutar com as armas que nós temos. E a arma é ser bom naquilo que você faz. E não aceite que lhe ofenda… à ofensa, a resposta tem que ser imediata e com educação, não importa que o outro tenha sido mal educado, você deve ser educado”, destacou Osvalrízio do Espiríto Santo.
Cotas
O evento foi realizado em homenagem ao Dia Nacional da Consciência Negra e teve apresentação musical de Marizo França na abertura e no encerramento.
Além dos colaboradores, o evento foi prestigiado pelo tesoureiro do CRMV/BA, médico-veterinário Rui Ferreira Leal e pelo ex-vice-presidente Lúcio Leopoldo Aragão da Silva.
“Saber como realmente ocorreu a implantação das cotas nas universidades, ouvir sobre a luta de Dr. Osvalrízio no grupo que defendeu cotas como forma de reparação e de como isso foi implantado pioneiramente na Universidade do Estado da Bahia (Uneb), me deixou muito orgulhosa”, comentou a colaboradora Daiane Silva.
Ao analisar os resultados da iniciativa, Altair Santana sintetizou: “como diretor do Ilê Aiyê, Osvalrizio nos brindou com histórias ricas sobre o papel dessa importante entidade, defensora das tradições e incansável lutadora pelos direitos e pela reparação ao povo negro, originando dela muitas conquistas que hoje são vistas como naturais, mas que anos atrás pareciam algo inatingível, como a presença negra nas universidades, nas mais diversas profissões e cargos de gestão, no ensino, na cultura. Embora se tenha ainda muito que lutar”.
Ele sabe muito.
Foi uma excelente conversa, uma palestra.